Durante a maior parte deste mês de junho de 2023, é possível observar todos os planetas visíveis a olho nu. Para os madrugadores, Mercúrio aparece um pouco à direita do nascer do Sol e rente ao horizonte, mesmo antes do amanhecer. O planeta não estará muito alto no céu, pelo que para o ver é preciso visão desimpedida para o horizonte, virado a Este.
Também Júpiter e Saturno estão visíveis de madrugada, mas vão aparecendo cada vez mais cedo, com Júpiter a nascer por volta das 04h30 no início do mês e por volta das 02h45 no fim do mês. Já Saturno, nasce por volta das 02h15 no início do mês, mas começa a ver-se por volta da meia-noite e meia no fim do mês.
Ao anoitecer vemos os restantes planetas, com Vénus, na sua versão “estrela” da tarde, visível mesmo antes do anoitecer, a Oeste. No final do mês este planeta, que se estava a afastar do Sol, no céu, inverte o sentido e inicia o caminho de aproximação à nossa estrela.
Quanto à Lua, logo no dia 4 atinge a fase da lua cheia e 3 dias depois atinge o apogeu, ou seja, o ponto de maior aproximação à Terra da sua órbita mensal, a cerca de 364 mil quilómetros do nosso planeta.
No dia 10 de junho, dia Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, a Lua, que nasce por volta das 2 da manhã, passa a cerca de 5 graus do planeta Saturno. Na tarde desse dia, quem passar pelo Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, poderá ver a estreia ao público de “O Céu d’Os Lusíadas”, a nova sessão imersiva de produção própria, sobre as mais emblemáticas partes e as imensas referências astronómicas na obra épica de Camões, além das efemérides astronómicas que ocorreram durante a vida do poeta.
No dia 14, a Lua em minguante passa a cerca de 0,3 graus de Júpiter, ao amanhecer. Um pouco à esquerda destes astros “colados” está o enxame de estrelas das Plêiades, também conhecido em Portugal como o “sete-estrelo”, que este mês começa novamente a ser visível, ao amanhecer. Dois dias depois, um fino minguante da Lua passa cerca de 2 graus abaixo das Plêiades e 6 graus acima do planeta Mercúrio. No dia 17, a Lua está cerca de 6 graus à esquerda deste planeta e no dia seguinte atinge a fase de lua nova.
E dia 21, às 15h57, ocorre o solstício (de verão no hemisfério Norte). Este é o dia em que o Sol vai estar mais tempo acima do horizonte e na sua passagem a Sul, ao meio-dia, vai estar mais alto no céu de todo o ano. Este é o dia mais longo do ano: Na cidade de Coimbra, por exemplo, o Sol nasce às 06h04 e põe-se às 21h07, demorando 15 horas e 03 minutos a percorrer o céu. Mas apesar de este ser o dia em que o nosso hemisfério recebe mais energia do Sol, não é o dia mais quente do ano, pois as temperaturas continuam a subir durante algumas semanas, devido à inércia térmica da Terra.
Ao anoitecer do dia 22, Marte vai estar a meio entre a Lua a Vénus. Os três astros, visíveis ao anoitecer, vão estar contidos numa área menor do um punho, observado à distância de um braço estendido.
E quase a fechar o mês, no dia 26, a Lua atinge o quarto crescente.
Boas observações.
Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
Apimprensa / C.S.