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Está em causa, o poder reinvindicativo do Algarve!

O Algarve tem um sério problema de bloqueio reinvidicativo, porque uma região que não defende os seus pergaminhos com tenacidade, quando se trata dos aspetos mais básicos, dificilmente terá condições e força, para exigências de maior magnitude, correndo o risco de ser tratado rotineiramente, como “território de segunda categoria”.

E quando referenciado como território de segunda, jamais conseguirá marcar posição de destaque no contexto da decisão nacional, capaz de impôr compromissos aos responsáveis politicos conjunturais, relativos à aprovação de programas essenciais ao desenvolvimento desta região, que afinal, até é o maior destino nacional em termos turísticos.

Um exemplo disso mesmo, está no recente lançamento online de um tal Guia Técnico, intitulado de “Portugal Contemporâneo”,  editado pelo Turismo de Portugal, uma plataforma digital dirigida aos operadores do setor, com a indicação de mais de uma centena e meia de espaços e eventos selecionados por um grupo de especialistas, como indicador para auxiliar os operadores turísticos a formatarem programas.

Na introdução do tal guia técnico, pode ler-se que, (…) são destacadas 4 áreas, Arquitetura e Arte Contemporânea, Design e Eventos, onde se pretende proporcionar novas propostas de (re) descoberta de Portugal, que facilitem a formatação de programas, conteúdos e serviços turísticos capazes de captar novos e mais públicos(….).

E claro… o Algarve sendo a principal região turística deste país, aparece nesse dito “Guia Técnico” mas… apenas com sete indicações, seis de Arte contemporânea e Arquitetura e a setima, um evento, como se o Algarve se resumisse unicamente a esses seis edifícios e mostras culturais e ao Festival Med, como único evento digno de referência.

Certo… até percebemos que para os responsáveis pelo Turismo de Portugal, o Gambrinus merece ser turisticamente re-descoberto, porque será para os ditos,  muito mais interessante que o novissimo Parque Subaquático da Ocean Revival, em Portimão, ou a Fortaleza de Sagres, por exemplo, já para não falar do FIESA – Festival de Esculturas de Areia em Pêra, que é único em Portugal, ou do Zoomarine que para além de parque lúdico, é um centro de ciência marinha, muito importante no contexto nacional e até internacional.

Até percebemos que para os autores desse Guia, as Ruinas de Milreu já fiquem fora de mão, ou a histórica Pousada de Estói que esteticamente conjuga o antigo com a modernidade, num bom exemplo de recuperação arquitetónica e artística, também não merecem ser (re) descobertos, como não merecem ser (re) descobertos o Parque Natural da Ria Formosa, as Caldas de Monchique, os Mercados de Olhão, os sítios de recreio e aventura, a entusiasmante e diversificada animação noturna, do género das noites d´encanto em Cacela Velha, as noites Medievais de Castro Marim, ou os programas de animação de Albufeira ou Portimão.

Até podíamos estar aqui toda a tarde a inumerar locais e espaços, festivais e outros que tais, que deviam ser referencia nesse tal guia técnico, como indicador para a formatação de guias turisticos, sítios e eventos capazes de entusiasmar os destinatários desses programas, desde logo, muito menos interessados nos 19 apartamentos do The Lisbonaire Apartments, ou nas Lojas, Chapelarias, Casas de luvas, Tabacarias e até Pastelarias e Padarias, de amigos e conhecidos em Lisboa.

Mas o que nos chamou mesmo à atenção, foi a referência nesse tal guia, à Cantina do Lx Factory no seu aprimorado design, ao azulejo da Casa da Sorte e ao Galeto, com o seu balcão serpenteado, coisa importante (o balcão) para justificar uma indicação turística e claro, o Gambrinus, o ponto de encontro das personalidades que decidem, qual é o portugal turístico de primeira e o portugal de segunda.

Neste país, passe o tempo que passar, façam-se as revoluções que se fizerem e até podem mudar o norte para o sul, pôr a coisa de pernas para o ar, que no final, as moscas serão outras, mas o cheiro continuará a ser o mesmo, porque os interesses particulares, estarão sempre primeiro que os verdadeiros desígnios nacionais, regionais e coletivos, por isso, se não aprendemos a bater o pé e a exigir o nosso quinhão, com garra e prontidão, qualquer dia somos um destino turístico mas de terceira categoria, porque Lisboa continuará a ser Portugal a abafar o resto da paisagem.

Carlos Moreira




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