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Quercus e a ACRAL estão contra a construção do IKEA em Loulé!

A Quercus e a ACRAL divulgaram esta segunda feira um comunicado, a sua indignação e desacordo, face à anunciada intenção de ser implementada a “Operação de Loteamento do Conjunto Comercial e Estabelecimento de Comércio IKEA de Loulé”, cuja consulta pública, termina esta terça feira 27 de maio.

Conforme é referido no comunicado as duas organizações, já remeteram à CCDR Algarve (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve) as suas posições em sede de discussão pública da Avaliação de Impacte Ambiental, sendo entendido por ambas, que a AIA do projecto IKEA, deve ser avaliada negativamente pela CCDR Algarve.

Nesse sentido, as duas organizações, manifestaram junto da CCDR Algarve, a posição de que a protecção do futuro das gerações vindouras e das populações actuais da região, implica uma seríssima ponderação na análise dos impactes ambientais e sócio-económicos de um projecto com estas características, entendem que o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) entregue pelos promotores do projecto IKEA e realizado por uma entidade por si contratada para o efeito, não foi levado à profundidade que um projecto com esta dimensão e efeitos potenciais, cujos dados são manifestamente insuficientes indicados pelo referido estudo quanto ao projecto em análise.

Para as duas entidades não é certo que o presente projecto cumpra o objectivo de pressuposto no PUCE de, “salvaguarda dos valores naturais, patrimoniais, ambientais, paisagísticos e a biodiversidade, promovendo a humanização do território numa perspectiva valorizadora e de sustentabilidade”, pois é um projecto que não vai no sentido de proteger e conservar os valores naturais, ambientais e paisagísticos, na medida em que prevê a completa destruição desses mesmo valores naquele local.

Bem como não é certo, para mais, que o próprio Plano de Urbanização de Caliços-Esteval onde se insere o projecto IKEA esteja livre de ilegalidades e não venha a sucumbir em face dos processos judiciais já a correr termos nos tribunais.

Recorde-se a este propósito que correm termos nos tribunais administrativos uma providência cautelar de suspensão do PUCE intentada contra o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, sendo contra-interessadas “IKEA PORTUGAL – Móveis e Decoração, Lda.” e “INTER IKEA CENTRE PORTUGAL, S.A.”, bem como, uma participação ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé em que se requeria ao mesmo que instaurasse Providência Cautelar de Suspensão de Eficácia do Plano de Urbanização Caliços-Esteval.

As acções estão neste momento a decorrer nos tribunais Central Administrativo do Sul, uma delas em recurso para o Supremo Tribunal Administrativo.

As duas entidades chamaram por isso a atenção da CCDR Algarve para a importância do resultado destes processos em sede de avaliação do projecto IKEA.

Por fim as duas entidades destacam os perniciosos efeitos potenciais do projecto IKEA para a economia e para as comunidades algarvias, bem como as características e dimensões do projecto face à realidade regional e face às áreas comerciais de grande dimensão já existentes no Algarve.

O complexo comercial IKEA de Loulé resulta da criação do Plano de Urbanização Caliços-Esteval (PUCE), que veio alterar o Plano Diretor Municipal (PDM) de Loulé. A Quercus e a ACRAL ao analisarem a informação disponibilizada para a consulta pública, constataram que os impactes ambientais e económicos negativos ultrapassam em muito os impactes positivos contrariando os objectivos preconizados no PUCE. Como tal, realçam-se alguns aspectos que não foram tidos em atenção ou são desvalorizados no Estudo de Impacte Ambiental:

· Não inclui alternativas de localização do projecto, podendo ocupar outras zonas industriais que necessitam se ser consolidadas.
· Destruição da paisagem característica do Barrocal, situação que prejudica a principal actividade económica da região: o turismo.
· Não contabiliza os impactes no comércio local/ tradicional já existente, os postos de trabalho que desaparecerão e as empresas que abrirão falência.
· Inexistência na região de empresas de grandes dimensões que possam assumir a realização da obra, situação que pode inviabilizar a criação de postos de trabalho locais na fase de construção e que não contraria a sazonalidade do emprego na região.
· Proximidade a áreas protegidas classificadas – esta área corresponde ao corredor ecológico que liga a região do Barrocal ao Litoral (Ria Formosa) e a sua implementação fragmentará mais ainda a paisagem e os habitats, interrompendo os fluxos de serviços dos ecossistemas e a conectividade entre as áreas nucleares para a conservação.
· Presença do sistema aquífero de Almancil-Medronhal – existe risco de contaminação das massas de água subterrâneas e superficiais, particularmente, na fase de construção onde existe o risco da ocorrência de derrame de substâncias perigosas.
· Impactes sobre a ecologia – afetação e perda de habitat de espécies florísticas e faunísticas devido à desmatação e desarborização, proliferação de espécies exóticas, alterações comportamentais das espécies de fauna devido a perturbações, mortalidade de espécies por causas não naturais, alteração da composição das comunidades faunísticas e florísticas.
· Degradação da qualidade do ar e o aumento do ruído altera a qualidade de vida das populações mais próximas e terá efeitos nefastos no património faunístico da região.

A ACRAL e a Quercus reforçam a necessidade de uma ampla discussão do projecto IKEA e tudo farão para que junto da população algarvia o mesmo e as suas implicações sejam sujeitos ao mais alargado debate.




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