A primeira conferência do ciclo “Ideias em Palco”, que decorreu no Teatro das Figuras na passada quinta feira, teve António Vitorino como convidado especial, para abordar o tema “A Ausência de Concertação Política é uma Fragilidade Nacional?”.
António Vitorino, advogado, político e professor universitário, começou por analisar a génese do nosso contrato político, “uma democracia pluralista, com um princípio de concertação inclusivo”, em que reconheceu a magnitude das dificuldades que o País atravessa, alertando que a solução deverá sair de uma convergência política alargada.
No entanto, preveniu, há que ter em conta as dificuldades de entendimento no atual espetro partidário, que encontram raiz numa menor propensão dos atuais dirigentes para a procura de consensos “talvez porque não tiveram que atravessar as grandes atribulações com que a minha geração se deparou”.
Perante o cenário vigente, Vitorino, que é também conhecido pela sua faceta de analista político, disse não ter a certeza de que as próximas eleições venham a gerar uma maioria estável, alertando para os riscos que uma situação persistente de falta de entendimento pode acarretar. Designadamente a eclosão de fenómenos de populismo e demagogia, radicados no descontentamento das populações, como já aconteceu em diversos países mediterrânicos, sendo exemplo a França, Espanha e Itália.
O ciclo “Ideias em Palco”, composto por doze conferências, pretende abrir o palco do Teatro das Figuras às ideias, que não somente as artísticas e promover a reflexão sobre temas da atualidade.
João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve é o Comissário do ciclo de conferências “Ideias em Palco”, desempenhando funções de moderador.
A segunda sessão de “Ideias em Palco” que tem lugar a 3 de Dezembro vai trazer ao Teatro das Figuras, o conhecido jornalista e crítico literário Pedro Mexia, um dos membros do painel de Governo Sombra e António Pinto Ribeiro, investigador, professor e programador cultural.
